segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ao infinito e além

Deixamos de seguir nosso caminho
Por medo de viver o que está por vir.
Erramos a estação do nosso destino
Pensando que o passado vai explodir
E ficamos da janela reconstruindo o que sobrou
Vigiando a luz de vela a coragem que restou
Esperamos a surpresa na esquina
Desejamos mais um dia terminar
Tantas coisas descompassam a alegria
Como as drogas se misturam à energia.
A lâmina no meu punho esquerdo
Contrai e faz parar, do mesmo lado, o coração
Quando o mar já não espera ondas
A lua renasce e reacende a esperança
É difícil esconder o que nos mata
Como relâmpago no breu do céu.
O que importa a origem?
Palavras e espada podem matar
Tanto faz a imagem
Eu e você somos um breve olhar
Grãos de areia em noite de tempestade
Pequeno inseto diante do mundo
Grande criança que não sabem entender
Cegos olhos que não conseguem ler
Ao redor e além, tudo vago e confuso
Misturado à minha atenção, 2ª intenção
A lâmina amiga é a mesma que fere
Só quem sofre a dor demasiada
Encontra a força reluzente na espada
E não se preocupa em saber quantas crateras há na estrada
Sabe que a paz se esconde além do prazer
Quem vai a pé e não tem pressa
Sabe se é hora ou liberdade
Se é lembrança ou verdade
E, ao final, chega a realidade
Preciosa e fugaz,
Como oxigênio no fundo do mar,
Quando a prendemos, ela se vai
Leve com a brisa.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

"É melhor tentar e falhar, do que preocupar-se e ver a vida passar.
É melhor tentar, ainda que em vão, do que sentar-se, fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar, do que em dias frios em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco, do que em conformidade viver.”

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A caminho de casa...

Quando o sonho chegou,
Eu prendi minha respiração com meus olhos fechados.
Eu fiquei louco
Como um dia do anel de fumaça
quando o vento sopra.

Agora eu não voltarei até mais tarde,
Se eu chegar a voltar, de qualquer modo.
Porque você me conhece, e eu sinto sua falta agora.

Num jogo estranho,
Eu me vi como você me conhecia,
Quando a mudança chegou e você teve uma
Oportunidade de me ver por dentro...

Embora o outro lado seja exatamente o mesmo,
Você pode perceber que meu sonho é real.
Porque eu te amo, você consegue me entender agora?

Embora nos precipitemos adiante para economizar nosso tempo,
Nós somos apenas o que sentimos.
E eu te amo, você pode sentir isso agora?


Acho que essa canção de Neil Young traduz minha saudade hoje, meu estado de espírito, meu dia e até a falta que o oxigênio me faz...

"And I love, but I miss you now..."

quarta-feira, 24 de março de 2010


Uma pergunta não é um bom método para se iniciar uma conversa e, na verdade, isto nem é uma conversa ou talvez sim, um diálogo de uma pessoa só. Então você se pergunta: como isto é possível. E eu, certamente, responderia com outra pergunta: Você nunca conversou consigo mesmo? Ou parou um pouco de ser o que é para olhar pra trás e perguntar, não para os outros, mas para si se o que está fazendo é certo ou errado?
Minha pergunta, hoje, para mim mesma não é essa. Depois de anos de observação, em contato com as pessoas (boas e ruins), desejo saber por que a maioria dos seres humanos tenta esconder sua verdadeira face até quando se olham no espelho?
Observe o movimento contrário à razão...
Desde criança me ensinaram que o amor é imenso. Não creio que esteja errado e ainda que esteja, não posso culpar quem me ensinou. Seria hipocrisia afirmar que nunca amei. Amei e ainda amo tudo que tenho e um dia amei o que não era meu e amei subitamente, silenciosamente, escandalosamente, intensamente e tão imenso foi que ainda amo. O amor, tão adorado pelos mais famosos poetas, pode tornar-se leve quando é compartilhado, mas sozinho ele não agüenta e se desfaz. Aquela esperança de que ainda exista amor é capaz de deixar a vida amarga, fria, escura.
As pessoas com quem você mais se preocupa são as primeiras que te julgam quando você precisa de apoio, enquanto o coração de seu inimigo é o lugar onde você encontra abrigo em meio aos bombardeios diários. Isso eu não aprendi com aqueles poemas de auto ajuda “um dia você aprende que...”. Não! Aprendi só, com minha vida, com minhas quedas. Os “amigos” nem sempre voltam pra te buscar porque eles nem sempre fazem o papel do bom pastor que deixa seu rebanho por causa de apenas uma ovelha que se perdeu. E o que eu penso sobre isso? Amizade, na maioria das vezes, é uma mera ilusão.
Pode parecer emotivo demais, mas ainda que as pessoas que mais amo, não saibam que escrevo sobre elas ou não tenham tempos pra escutar minha opinião, grito em português, (como Belchior):
A força com que se vive vem do interior de cada um. Cada pedaço do seu coração é uma porção de força. Quando as pessoas o despedaçam, você junta os cacos e tenta colar e mesmo remendado, ele continua pulsando. Saiba, então, que se você decide continuar numa batalha, saiba também enfrentar os perigos, mas se você tem medo de lutar, não se lamente quando perder seus bens mais valiosos. O amor que sentimos é só nosso e não é problema de ninguém. Se amamos torto, se amamos mais, se amamos exageradamente, é porque deixamos isso acontecer. Não culpe ninguém por seus erros. Ninguém nunca nos amará do jeito que queremos. Podem amar mais ou amar menos, mas nunca igual, porque nunca saberemos exatamente como as pessoas nos amam. Há sempre uma interrogação.
Por isso, mesmo sem saber, ame quem você tem. Se você tem é porque também te amam. Se não te amassem, não poderiam ser chamados de “teus” (amigos, família, amores). Não achas?

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mais ou menos

A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos.

A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.

A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos.

TUDO BEM!

O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum, é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos.
Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos.

(Chico Xavier)

domingo, 7 de março de 2010

O fim

"Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure." (Vinicius de Moraes)

Todo fim é igual.
É igual ao fim da tarde, quando o sol adormece no Brasil, pronto para acordar o Japão, fica aquela sensação de nostalgia, sem explicação. E o que tem explicação nessa vida?
É igual ao fim da noite, quando todos se foram, lúcidos ou embriagados, rindo ainda com o último copo na mão, e você tem que voltar pra casa sozinha.
É igual ao fim da aula que você quer ir embora apressado, mas ainda restam uns minutos gastos falando bobagens com os amigos.
É igual ao fim de festa, quando a banda canta a saideira e você triste dança sem parar como se fosse, não só a última dança da noite, mas a última dança da sua vida.
É igual ao fim da estrada quando você vem dirigindo a 140km/h e de repente não tem mais pra onde ir e para, obrigatoriamente, põe a mão na cabeça, sente que foi o caminho errado e volta ao ponto de partida a fim de encontrar o ponto em que se perdeu.
É igual ao fim de semana: hipocrisia alheia, diversão e muitos risos desesperados.
É igual ao fim daquela amizade mais querida que você achou que nunca ia perder e que, apesar dos pactos eternos e da companhia, agora você tem que caminhar sozinho simplesmente porque você não acredita nos conselhos que você dá. Ou acredita?
É igual ao fim de namoro, cada um pro seu lado, com ou sem amizade, simples “oi” pelas ruas da cidade, sem lembranças, algumas mágoas e cicatrizes.
É igual o fim do arco íris que tem um tesouro que ninguém conseguiu encontrar.
É igual o fim da vida que ninguém sabe pra onde vai nem o que faz.
E tudo é igual ao fim do amor, quando ainda há amor. Ele não exige atenção, nem se desfaz com o tempo, mas se você não compreender a essência, ele vai embora e você segue achando que ele ainda está ao seu lado. É frágil e estranho. Você fala que chegou ao fim, mas ele ainda está dentro das palavras e dos pensamentos, porque o verdadeiro amor não acaba. Se acabou, não era amor.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


Todos os dias, quando eu acordava com aquela cara amassada, olhava pela janela e observava ele de longe. Ele ia sempre a minha esquerda, dirigindo sua vida numa rapidez extraordinária. Apesar de não ter pressa pra ultrapassar outras pessoas, no fim do dia sempre ganhava a corrida.
Um dia olhei pela janela e chovia. Os pingos de chuva que desciam pelo vidro pareciam as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Chorei um dia inteiro, em qualquer lugar, mas quando eu olhava pro meu lado esquerdo, lá estava minha força pra me sustentar. Ele nem me conhecia, mas eu o admirava por sua persistência e coragem, pela alegria e vontade de viver.
Uma dessas noites, encontrei minha flor de lótus em meio as rosas, com seu sorriso contagiante e ele quis saber quem eu era. A chuva cessou, dando espaço à bela lua. As lágrimas já não percorriam minha face, mas meu ar faltou por causa dos risos alegres que chegaram.
No dia seguinte, não havia solidão, nem medo, nem dor. Olhei pro meu lado esquerdo e não o vi. Fiz questão de me desesperar e olhei para trás, pelo vidro empoeirado, para ver se alguém havia o ultrapassado. Senti que me faltava o ar. Voltei-me para o lado direito e lá estava ele, agora ao meu lado, segurando minha mão e eu senti como se aquele momento fosse eterno no instante em que durou.
Hoje, não o vejo mais, mas lembro da sua imagem a minha esquerda tentando percorrer o mundo com sua inquietação e seus olhos atentos a minha direita esperando um pouco mais da vida. Eu ando nas ruas e muitos olham minhas olheiras, pois sou mais uma desesperada em busca de momentos inexplicáveis porque são nesses momentos únicos e exclusivamente curtos que sustento meus dias para afastar-me da solidão.


Flor de Lótus - simboliza elevação e expansão espiritual.